Há pontos por todo o lado. Têm-se cartões ou talões ou cupões, e acumulam-se pontos. Até no Super Bacalhau existe um cartão para os ditos pontos. Eu tenho 13 pontos.
Lá no call-centre/vacaria, os pontos estão na ordem do dia. Faço pouco mais do que trabalhar com pontos. Troco pontos, transfiro pontos, credito pontos, desconto pontos.
Pontos é a palavra mais dita, logo a seguir às expressões "merda p'ra isto" e "estes anormais que ligam para cá são uns anormais do car****, os burros de merda".
E as pessoas têm uma relação muito estranha com os ditos pontos. É como se fossem chegados, extremamente íntimos e de uma amizade profunda.
Porque não se pode dizer mal dos pontos, que elas acorrem logo em sua defesa.
Perguntam sempre quantos pontos têm. Se são mais do que estão à espera, ficam cheias de orgulho. E estão sempre a perguntar quantos pontos têm. Têm medo de os perder, de cortar relações com os pontos, de lhes perderem o rasto.
Se calha de termos que dizer que determinados pontos expiraram, que têm um prazo e que acabou a sua validade, irrompem numa ira fogosa, berram por eles, perguntam onde estão, para onde foram, porque razão lhes foram roubados, porque é que eles tinham que partir, porque é que essa linda relação foi quebrada por nós, os maus. E é sempre muito complicado dar a a notícia da partida de um amigo próximo.
É-me complicado entender esta postura em relação a uma série de coisas perfeitamente abstractas. Não consigo imaginar uma série de pontinhos pretos pela trela a seguirem as pessoas fielmente pela rua. Ou quardados numa caixinha debaixo do colchão...
Pode ser que daqui a uns tempos alguém mo explique. Ou não. Não quero ter uma relação doentia com pontos. Não sei quantos tenho, nem onde estão, nem quando expiram. Será que é importante? Se calhar sou eu que sou estúpida. Who knows?...
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)




Sem comentários:
Enviar um comentário