Hoje o dia foi chato. Muito trabalho. Nem saí à rua...

Começou logo bem comigo a acordar uma hora antes do que era suposto, ou não me chamasse Banana. Cheguei ao posto e bati à porta, mas não estava ninguém... Claro, só eu para me esquecer que a hora mudava (ter em conta que havia avisos em A4 com letra Arial 36 por todo o hotel a chamar a atenção para a mudança).

Depois trabalhámos 9 horas em vez de 5, porque para a semana vai haver inspeção para ver se o hotel passa de 2 para 3 estrelas (sim, claro, é já a seguir esta coisa podre ganhar uma estrela; acho é que, quando o inspector cá chegar, tira uma ou as duas estrelas, mesmo). Enfim, como quem cá vem são ingleses, quem cá manda são ingleses e quem tem limpo isto nas últimas décadas têm sido ingleses (e polacos), está cheio de merda até ao telhado. O meu tio diz quem tem sido a porcaria que mantém o hotel em pé, porque cada vez que limpamos mais a fundo, esfregamos mais um bocadinho ou aspiramos um sítio que nunca viu outra coisa que não uma teia de aranha, cai um pedaço. Literalmente. Parede, tecto, mobiliário, alcatifa, tudo tem ficado sem um bocado nos últimos dias. O que vale é que, como o meu tio diz, nem o pó presta cá: não tenho alergias, nem sequer comichão no nariz... É um mistério por resolver.
Por outro lado encontramos pérolas, como cuecas, vestidos, meias, revistas dos anos 90 chávenas de chá que já não são usadas no hotel há mais de 10 anos... Só para terem uma ideia da badalhoquice que para aqui vai.
E não maço mais com o housekeeping, porque foi deveras aborrecido ter que arrumar 7 quartos de partidas.

Ao jantar comi salmão outra vez, com um molho a que eles chamam holandês, mas que só tem a manteiga de pacote do costume e salsa, acompanhado, para não variar, de batatas cozidas e batatas assadas, e couves de Bruxelas, que eu odeio. Entretanto aprendi a disfarçar a comida com ketchup, para a poder levar à boca. Claro que daqui a umas semanas já não vou conseguir ver ketchup à frente... Mas cada coisa a seu tempo. Agora o importante é comer no hotel para não gastar dinheiro.

Descobri hoje que também podemos comer as sobremesas, mas logo o entusiamo esmoreceu quando provei uma coisa parecida com um profiterole inchado com custard e outra cena qualquer doce e vermelha. Bastante mau. E esta fixação pelo custard também é esquisita. Metade dos doces e bolos tem custard. Aquilo não é assim tão bom...

Ao pequeno-almoço também me havia atrevido a provar uma coisa nova. Era um triângulo com aspecto de fatia doce, acerca do qual fui informada ser pão com ovo e manteiga frito. Maldita a hora em que levei um pedaço à boca... Devo ter ingerido um decilitro de óleo requeimado...
Definitivamente vou ficar-me pelas torradas com manteiga, tomate e Nescafé.

Entretanto vingo-me no chocolate... E está quase a chegar o Halloween! Palpita-me que ainda vou bater à portas e fazer trick or treat para ver se me cai alguma coisita...
Nas lojas as decorações estão muito giras, e há tralhas e doces para todos os gosto. Vendem imenso fogo de artifício em literalmente todas as lojas (sapatarias a lojas de animais, passando pelos vulgares supermercados e trabacarias), a preços ridículos, mas que só podem ser comprados por maiores de 21...

E por falar em tabacaria, ontem perdi a oferta de um MP3 na compra do The Sun... Tenho que estar mais atenta à imprensa sensacionalista.

Entretanto o meu novo quarto tem uma particularidade bastante curiosa: tenho que aturar o bingo, o espectáculo de variedades e o baile dos velhos todas as noites. É que o quarto é a menos de 5 metros da parede do palco do Banqueting Room... Podia ser pior. Já tou como o Greatest Dancer, mas em vez de “location, location” é “casa-de-banho só para mim, casa-de-banho só para mim”...

Fotografias de outros dias

Num pub em frente à praia

A toleira dos wightianos

Aspecto da praia num dia cinzento

Resolução dos problemas à maneira britânica (tá mijado. limpa-se? nah... bota-se-lhe um aviso a dizer 'piso escorregadio')